terça-feira, 15 de outubro de 2013

CARTA DE JOVENS ASTRÔNOMOS EM APOIO A ESO


Resultado da iniciativa em mostrar seu apoio à entrada do Brasil na ESO (European Southern Observatory), mais de 130 de jovens astrônomos escreveram uma carta de apoio a ESO endereçada aos Deputados das comissões por onde o acordo de adesão deve tramitar. Esta carta encontra-se disponível no site
Entre os signatários desta carta estão mestrandos, doutorandos e pós-doutores que trabalham em 34 instituições de pesquisa do Brasil e estrangeiras. Por serem profissionais no início de carreira, manifestaram seu apoio em participar assim do maior, mais abrangente, e mais produtivo observatório mundial. Os jovens astrofísicos também demonstraram seu interesse em serem parceiros do maior telescópio em planejamento, o extremamente grande telescópio ELT (Extremely Large Telescope) de 38 metros de diâmetro, que revolucionará o estudo de planetas, das estrelas, das galáxias, e do universo como um todo. 

Esta carta é bastante significativa ao demonstrar a iniciativa e envolvimento dos jovens astrônomos, pois o ELT a ser finalizado daqui a 10 anos será basicamente utilizado por estes profissionais que estão se formando agora. São eles os responsáveis pelo futuro da Astronomia Brasileira e quem mais lucrarão com a adesão do Brasil a ESO.

Segue abaixo a transcrição da carta. Para maiores informações sobre esta carta, contactar
Ana Chies Santos (ana.chies_santos@nottingham.ac.uk)
Felipe Alves (falves@astro.uni-bonn.de)
Thiago Gonçalves (tsg@astro.ufrj.br)
Emille Ishida (emilleishida@usp.br)
Eliade Lima (eliade.lima@ufrgs.br)
Gustavo Rossi (gugabrossi@gmail.com)

Senhores Deputados,

Nós, cientistas brasileiros em início de carreira (mestrandos, doutorandos e pós- doutores), especializados na área de Astronomia e Astrofísica, vimos por meio desta chamar a atenção para o processo PDC 1287/2013, em tramitação na Câmara dos Deputados.

Trabalhamos em diferentes institutos de pesquisa e ensino do Brasil e no exterior (Europa, Oceania, Ásia, América do Norte, América do Sul e África), representando o país em uma diversidade de tópicos em pesquisa astronômica. Essa multiplicidade cultural e profissional nos permite delinear uma análise sólida e crítica acerca da evolução da pesquisa científica nacional, em particular nas áreas de Astronomia e Astrofísica. A despeito de nossa heterogeneidade, todos partilhamos um apoio incondicional ao projeto que permitirá ao Brasil tornar-se o 15o membro do Observatório Europeu do Sul (European Southern Observatory - ESO).

Devido ao pré-contrato existente, já nos é dada a oportunidade de preparar propostas observacionais para o ESO. Um resultado altamente impactante no meio científico foi recentemente publicado por pesquisadores brasileiros, e destacado dentre as notas de imprensa (http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1337/). Isso demonstra que a comunidade astronômica brasileira tem atualmente plenas condições de usufruir dos instrumentos disponibilizados por este acordo.

Entretanto, acreditamos que o ponto crucial a ser considerado não são os resultados que podemos obter neste momento, mas sim o leque de possibilidades que este acordo abre para o futuro da astronomia nacional. A entrada do Brasil no ESO é um projeto que certamente produzirá seus melhores frutos em alguns anos. É algo importante para assegurar a qualidade na pesquisa astronômica brasileira no futuro, não agora. Assim nós, jovens pesquisadores, doutorandos e mestrandos, somos os mais afetados por esta decisão e os que mais têm a perder caso o Brasil não cumpra o acordo.

A possibilidade de participar ativamente de uma instituição como o ESO seduz, ainda, jovens talentos, brasileiros ou não, que estão no processo de se instalar permanentemente em um instituto de pesquisa e ensino. E estamos em uma época oportuna para atrair jovens pesquisadores, uma vez que a Europa e os Estados Unidos enfrentam problemas financeiros que dificultam cada vez mais a entrada de jovens cientistas em suas instituições. Entrar para o ESO não só abre infinitas novas possibilidades para os pesquisadores brasileiros das áreas de astronomia, astrofísica e afins, como também alça o Brasil a um seleto grupo de destinos desejáveis para profissionais dessas áreas. A entrada do Brasil no ESO não se resume à possibilidade de mais dados para os astrônomos brasileiros e, sim, define a entrada definitiva do Brasil no grupo de nações que estará na vanguarda das pesquisas nessas áreas.

A adesão do Brasil ao consórcio ESO representará um enorme passo para a Astronomia brasileira. Em especial, representará um importante avanço na educação científica do país, uma vez que a astronomia é um dos poucos ramos tradicionalmente interdisciplinar na atividade cientifica (englobando por exemplo, física, matemática, biologia, química, geologia, engenharia) e, por isso mesmo, consegue despertar vocações e fomentar a curiosidade científica na sociedade. Vide, por exemplo, o número imenso de inscritos no curso virtual do Observatório Nacional (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=89151). Nesse sentido, é importante proporcionar aos nossos jovens não apenas a possibilidade de estudar e contemplar a atividade astronômica mas oferecer condições para que participem ativamente de seu desenvolvimento e incorporem essas experiências ao dia a dia da pesquisa brasileira.

A falta de cumprimento com o acordo assinado pelo então ministro Sérgio Rezende em 2010 significaria, além de tudo, a perda da confiança no Brasil para grandes acordos internacionais e um mal-estar para os cientistas brasileiros. Já que, desde o pré-acordo no final de 2010, o ESO dá ao Brasil os mesmos direitos de uso de suas instalações que os países- membros daquela instituição.

Com base em nossas experiências (alguns como usuários do ESO), temos a certeza de que não há organização astronômica mais bem estruturada no mundo. O investimento do Brasil será pago em 10 anos! Dúvidas sobre o o projeto e a participação do Brasil nele, estão aqui explicitadas: 

http://www.eso.org/public/archives/static/about-eso/faq/faq-brazil/FAQ-Brazil_br.pdf

Ajude-nos a construir um Brasil melhor, 
Ajude-nos a construir um Brasil com ciência,
Aprovem a entrada do Brasil no ESO! 

Um comentário:

  1. O ESO atualizou sua página web e o novo lin para as "Frequently Asked Questions" é:

    http://www.eso.org/public/archives/static/about-eso/faq/faq-brazil/FAQ-Brazil_br.pdf

    Saudações

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