quinta-feira, 26 de setembro de 2013

ASSIM CAMINHA O ACORDO ESO

O acordo de adesão do Brasil à Organização Europeia de Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral (ESO), após aprovação do relatório da CREDN em Plenário no dia 12 de setembro, deu entrada em 18 de setembro simultaneamente nas outras três comissões pelas quais deve passar. Os relatores da CCTCI e da CFT já foram designados.
  • Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) - Relator Dep. Jorge Bittar (PT-RJ)
  • Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - Relator Dep. Afonso Florence (PT-BA)
  • Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)
Para acompanhamento da tramitação do processo basta acessar aqui.


Adriana Válio
Presidente da SAB

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CARTA À SBPC SOBRE O PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO



Motivada pela reportagem da Revista Carta Capital
http://www.cartacapital.com.br/politica/o-destino-de-alcantara-8527.html,

a Comissão Espacial da SAB após várias discussões se posicionou sobre a questão do Programa Espacial Brasileiro (PEB) e o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e decidiu enviar uma carta à presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Dra. Helena Nader que transcrevo a seguir. A carta foi enviada ontem, dia 16 de setembro de 2013. Cópias desta carta foram também enviadas para a SBGf, SBF, AAB e Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB).

Por coincidência o edital do Jornal O Estado de São Paulo trata justamente desta questão.



São Paulo, 16 de setembro de 2013
Exma. Sra
Dra. Helena Nader
Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
São Paulo - SP

At.: Programa Espacial Brasileiro
c/c: Agência Espacial Brasileira AEB/MCTI

Prezada Presidente da SBPC Dra. Helena Nader,

O desenvolvimento das atividades espaciais no Brasil desde 1961 tem se deparado com inúmeros desafios que comprometeram e ainda impedem que o Programa Espacial Brasileiro (PEB) seja bem sucedido.

Em governos passados, foi notório o aporte descontínuo e insuficiente de recursos combinado com a falta de mão de obra e de uma política de incentivo e promoção da participação das indústrias no PEB. Devemos destacar o contínuo cerceamento tecnológico ao Brasil produzido diretamente pela restrição ao acesso a componentes e equipamentos considerados sensíveis por governos estrangeiros e por tratados internacionais como o MTCR- Missile Technology Control Regime. O Brasil atualmente é signatário do MTCR, porém continua sofrendo restrições à importação de vários itens essenciais para as atividades espaciais, pois os países em questão levaram anos e empenharam muitos recursos para dominar essas tecnologias e, naturalmente, podem sentir dificuldades em aceitar acordos de transferência tecnológica.  Apesar do desenvolvimento conjunto de satélites científicos ser um bom instrumento para facilitar o diálogo com as nações estrangeiras, há sempre o risco de que a escolha dos parceiros limite o leque de oportunidades em função dos interesses geopolíticos dessas nações.

Em outubro próximo, a Presidenta Dilma deverá ir aos EUA para tratar das relações entre Brasil e EUA com a perspectiva de celebração de acordos envolvendo o PEB, em particular, o uso do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).  A Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), como entidade civil diretamente interessada na promoção e desenvolvimento da ciência e da tecnologia espacial no Brasil, vem por meio deste documento alertar a SBPC e os vários órgãos e entidades envolvidas com o PEB a respeito de alguns aspectos que ela considera importantes.  Para que qualquer acordo proposto, ou que venha a ser celebrado, entre Brasil e EUA seja benéfico para ambos os países, devemos levar os seguintes pontos em consideração:

1-    O governo dos EUA, através de seu Departamento de Estado, constantemente se manifesta e atua no sentido de dificultar a possibilidade do Brasil possuir um programa próprio de foguetes lançadores de artefatos espaciais. Desde a interrupção do programa de foguetes de sondagem Nike - Apache no início dos anos 60, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), passando pelas dificuldades do Veículo Lançador de Satélites (VLS) durante a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) nos anos 80 e 90, até a proposição do acordo de salvaguardas em 2001, que foi rejeitado pelo Congresso Nacional por não respeitar a soberania do país, ficou claro que os EUA não apoiam os programas brasileiros voltados para o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites.
2-    O bloqueio tecnológico imposto pelos EUA não se estende só à tecnologia de lançadores espaciais, mas também se aplica a satélites, como ficou demonstrado recentemente nas dificuldades que afetaram o programa CBERS (“China-Brazil Earth Resource Satellites”); os EUA procuraram impedir a compra pelo INPE de dispositivos e componentes para as câmeras multi-espectrais de observação da Terra para os próximos satélites da série.
3-    O uso comercial da base de lançamento em Alcântara (CLA) é de fato importante para a sustentação econômica do PEB. No entanto, o estabelecimento de qualquer acordo que atente contra a soberania nacional é inaceitável. 
4-    Os recursos oriundos das atividades comerciais de lançamento devem ser  aplicados no PEB. 
5-    A montagem e integração de cargas úteis e satélites aos foguetes devem ser sempre acompanhadas pelas autoridades nacionais responsáveis. No entanto, acordos comerciais podem vir a ter cláusulas que exijam que as equipes (brasileiras) de acompanhamento mantenham sigilo total sobre características e ou tecnologia dos satélites, cargas úteis ou veículos espaciais que estejam sendo lançados a partir do CLA.

A SAB propõe ainda que a AEB promova um debate com os vários atores envolvidos com o PEB, tais como SBGf, SBF, AAB e Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), antes da visita da Presidenta Dilma aos EUA. A SAB entende que este debate é importante para subsidiar o governo brasileiro no caso de negociações entre os dois países que envolvam a área espacial.

Agradecemos a atenção dispensada e despedimo-nos atenciosamente,

Comissão Espacial da SAB
João Braga (INPE) – Presidente da comissão
Antônio Fernando Bertachini Almeida Prado (INPE)
Eduardo do Couto e Silva (UnB)
Eduardo Janot Pacheco (USP)
José Leonardo Ferreira (UnB)

Adriana Válio
Presidente
Sociedade Astronômica Brasileira

domingo, 15 de setembro de 2013

DESCOBERTA A MAIS VELHA ESTRELA GEMEA DO SOL



A descoberta de uma estrela muito parecida com o Sol, mas mais velha, está dando o que falar. O artigo publicado este mês no conceituado Astrophysical Journal Letters (ApJL, 774, 32, 2013), liderado pelos pesquisadores de instituições brasileiras TalaWanda Monroe, Jorge Meléndez, Marcelo Maia, Fabrício Freitas (IAG/USP), José-Dias do Nascimento e Matthieu Castro (UFRN) além de Alan Alves Brito (atualmente na Austrália).

O artigo pode ser lido em:

Atualmente, são conhecidas umas 20 estrelas parecidas com o Sol, batizadas de gêmeas solares, algumas mais novas outras mais velhas que a nossa estrela. Dentre estas, 6 foram descobertas por pesquisadores brasileiros. A estrela em destaque aqui é a mais velha gêmea solar descoberta até hoje.


Neste trabalho, os autores utilizaram espectros de ultra alta resolução da gêma solar HIP 102152, obtidos com o UVES no Very Large Telescope (VLT) de 8.2 metros da ESO. Com estes dados foi possível obter, pela primeira vez, uma abundância detalhada desta estrela mostrando que esta é a gêmea que mais se assemelha ao Sol em massa, temperatura efetiva, microturbulência e metalicidade.

Assim como o Sol, esta estrela é deficiente em elementos refratários relativo aos voláteis. Provavelmente uma indicação da existência de planetas terrestres em órbita.  No caso do Sistema Solar, acredita-se que os planetas terrestres sequestraram os refratários da nebulosa solar, deixando a estrela central deficiente destes elementos.

A principal diferença entre esta estrela e o Sol é a sua idade, estimada em 8.2 bilhões de anos, prestes a sair da sequência principal. O Sol tem apenas 4.6 bilhões de anos. Isto faz desta estrela, uma análoga mais velha do Sol, e portanto pode fornecer pistas sobre a evolução posterior do Sol e principalmente da sua abundância de Lítio (Li).

Acredita-se existir uma correlação entre a abundância de Li de uma estrela e sua idade, sendo que estrelas mais jovens têm bastante lítio. A abundância de Li da estrela HIP 102152 é a mais baixa registrada para uma gêmea solar até o presente, e pode ser utilizada para construir uma relação entre Li e idade para estrelas gêmeas solares.


Confira também a repercussão deste trabalho na mídia:

http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1337/




http://www5.usp.br/31909/equipe-de-astronomos-identifica-estrela-gemea-do-sol/

Adriana Válio
Presidente

sábado, 14 de setembro de 2013

LEVANTAMENTO DE ENERGIA ESCURA (DES) TEM INÍCIO


Em 31 de agosto deste ano tiveram início as observações do Dark Energy Survey (DES, Levantamento de Energia Escura). O DES é um consórcio de 6 países, incluindo o Brasil, sendo o DES-Brazil apoiado pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), composto por pesquisadores de várias instituições brasileiras (ON, CBPF, UFRGS, UFF, UNESP, CEFET-RJ, USP, LNCC, UFRJ)


Confira o press-release em:
O DES consiste do mapeamento de um oitavo do céu durante um período de 5 anos, utilizando uma câmera digital (DECAM) de 570 Megapixels, construída no Fermilab (Illinois/EUA), e montada no telescópio Blanco de 4 metros, instalado no Observatório de Cerro Tololo no Chile.
O objetivo do DES é estudar a expansão acelerada do Universo. Uma das explicações propostas para esta aceleração é a energia escura que acredita-se compor 70% do conteúdo do Universo e cuja natureza é até hoje misteriosa. O projeto pretende desvendar a energia escura através de observações de
  1. Número de aglomerados de galáxias em função do desvio para o vermelho (redshift);
  2. Distorções nas imagens das galáxias causadas pelo efeito de lentes gravitacionais fracas;
  3. Caracterização da distribuição de galáxias em grande escala e;
  4. Variação da distância de supernovas do tipo Ia com redshift.

Para tanto, durante o período de cinco anos do levantamento, serão observados 300 milhões de galáxias e 100.000 aglomerados de galáxias. Também se estima que serão descobertas 4000 novas supernovas. Os cinco testes básicos para aceitação dos dados serão realizados pelo grupo DES-Brazil, em associação com a equipe do LIneA.
A diretoria da SAB parabeniza a equipe do LIneA por esta iniciativa, além do que muito provavelmente ainda atrairá e contribuirá para a formação de jovens talentos.

Adriana Válio
Presidente

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

APROVADO NA CREDN ACORDO DA ESO


Hoje, 11 de setembro de 2013, o Acordo de Adesão do Brasil à ESO foi aprovado em sessão da CREDN na Câmara dos Deputados em Brasília. Estiveram presentes os sócios Beatriz Barbuy, Daniela Pavani e Janot Pacheco.  A provação foi tranquila e pela gravação da sessão:

pode-se escutar como a presença dos astrônomos foi muito importante. 

Ao proferir voto o relator, Dep. Emanuel Fernandes, destacou que a adesão é apoiada pela maioria dos astrônomos, o que é diferente do que ele vinha levantando. Embora tenha dito equivocadamente que dos 270 milhões de euros (a serem pagos em 10 anos), 130 é para ficar sócio da ESO e os outros 140 milhões é para a construção do E-ELT. Na verdade, a ESO isentou o Brasil da contribuição para o E-ELT, e os 140 milhões referem-se às anuidades durante os próximos 10 anos.

O relator insistiu novamente que o mérito deve ser discutido na comissão de Ciência e Tecnologia (CCTCI) e também a questão do financiamento na comissão de Finanças e Tributação por causa do vulto do valor. Além disso, afirmou que o orçamento do MCTI será afetado. 


Este texto é baseado no comunicado de Daniela Pavani (membro da Comissão ESO da SAB)

Adriana Válio

Presidente