sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Resposta do Presidente da NTAC à "Análise das solicitações de tempo aprovadas pela NTAC/Gemini"

por Eduardo Cypriano

Cara prof. Miriani e demais membros da comunidade astronômica brasileira,

primeiramente gostaria de agradeçe-la pela preocupação com o Gemini e sua comissão de alocação de tempo manifestada no Blog da SAB. Sem tocar em números, enquanto presidente do NTAC, gostaria de esclarecer alguns pontos sobre sua atuação.


1 - A comissão de alocação de tempo Gemini brasileira (NTAC-Br) é escolhida pelo CTC do LNA e tem uma composição que se altera ao longo dos anos. Nada posso dizer sobre o biênio 2007-2008, pois me encontrava fora do país, mas comparando a composição atual do NTAC com a do biênio 2009-2010, quando essa foi presidida pela prof. Beatriz Barbuy, notar-se-á que ela foi quase completamente renovada. Dos 14 membros atuais, apenas 4 estavam na comissão no período anterior. Em particular a presidente da comissão, já referida, e seu vice (prof. Horácio Dottori) já não mais pertencem à NTAC. Dessa feita quero crer que, se existem pesquisadores que recebem mais tempo do que outros, a composição da NTAC não é a causa principal.

2 - Desde os primeiros semestres de utilização dos telescópios Gemini foi discutida e implementada uma política de bonus e penalidades para propostas de autores que obtiveram tempo Gemini anteriormente, dependentes da publicação ou não de artigos por esses. Aqueles que publicaram em dois anos das observações tem bonus e aqueles que não sofrem penalidades. Estamos considerando no momento a exclusão dos bonus mas a manutenção das penalidades. Essa discussão está em andamento e pode ser  refeita na reunião da SAB, caso a comunidade esteja interessada.

3 - O NTAC não tem uma lista de áreas ou projetos considerados competitivos. A análise é feita caso a caso usando como fonte primária de informação a justificativa científica escrita pelos autores e a bibliografia lá exposta. 

4 - O NTAC agradeçe a crítica quanto ao conteúdo de seus pareceres. Nesse próximo semestre esse aspecto será enfatizado junto a todos os seus membros.

5 - A NTAC segue a seguinte política no que diz respeito ao tempo pedido em cada projeto: "Propostas que solicitam tempo maior do que 1/3 do tempo a que o Brasil tem direito em cada telescópio só serão concedidos em casos em que forem excepcionalmente melhores do que as demais. Uma opção para contornar este problema é preencher na proposta o quesito de tempo mínimo, explicitando que um tempo mínimo de x horas (onde x < 1/3 do total) ainda permite atingir os objetivos científicos, mesmo que parcialmente." ( http://www.lna.br/gemini/ngo/GemNTAC.html )

6 - O NTAC, no momento, não tem a orientação de diferenciar propostas que são partes de teses de doutorado das demais. O julgamento é feito primariamente baseado no mérito. Caso a comunidade queira rever essa política para o Gemini ou qualquer outro de seus telescópios creio que a reunião anual da SAB é um bom fórum para tal discussão. Como nossa comissão é nacional ela pode seguir quaisquer políticas determinadas pelo conjunto da comunidade brasileira.

7 - Por fim gostaria de aproveitar esse espaço para expor à comunidade astronômica que os membros do NTAC são escolhidos pelo CTC do LNA e tem, a cada semestre, a pesada tarefa de ler um grande número de propostas e exercer um julgamento de mérito. Esses colegas nossos fazem isso, cientes das pressões que podem sofrer, no melhor de suas capacidades. Esse julgamento não é absoluto e sim classificatório e, porque não dizer, não é inerentemente desprovido de falhas. Nesse últipo aspecto, aliás, ele se equivale a qualquer outro sistema de análise por pares.

8 - Por fim gostaria de reafirmar que estou seguro que os membros da NTAC atuaram no semestre 2011A no limite se suas capacidades e que o fizeram com um espírito de isenção e interesse coletivo. Gostaria ainda de enfatizar que, como presidente da comissão, tenho por dever zelar que seus membros tenham a tranquilidade para julgar o mérito das propostas com toda independência e é assim que pretendo atuar enquanto ocupar essa posição. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Análise das solicitações de tempo aprovadas pela NTAC/Gemini

por Miriani G. Pastoriza

A Comissão Nacional de Programas do Observatório Gemini,

Com o objetivo de buscar entender os critérios utilizados para que uma proposta de pedido de tempo apresentada a NTAC do Gemini fique acima ou abaixo da linha de corte e seja considerado um “Compeling science case”, solicitei a Secretaria das Comissões de Programas do LNA a lista dos projetos que foram beneficiados com tempo de observação no período 2007A-2011A .

Penso que o resultado dessa análise realizada com a informação solicitada possa ser útil para o NTAC e a Comunidade Astronômica no momento em que se pretende ampliar a participação do Brasil no Gemini. Antes de tomar uma decisão neste sentido seria importante responder algumas questões como as enumeradas a seguir:

I) Que fração de pesquisadores brasileiros utiliza os Telescópios Gemini?

II) Que tipo de programa é competitivo para ser desenvolvido com os instrumentos atualmente em funcionamento no Gemini Norte e Sul?

III) Seria necessário ampliar participação Brasileira no Gemini?

IV) Qual o papel da NTAC na elaboração dos pareceres e alguns critérios que deveriam ser adotados?










Pergunta I)
A estatística realizada com base na lista dos pesquisadores que obtiveram tempo no período mencionado e cujas observações foram de fato realizadas mostra que no período de 2007A-2011A , 11 dos 52 pesquisadores (PI) beneficiados com tempo de observação, utilizaram 50% do tempo efetivo do Gemini.


Ampliando a fração até 80% do tempo observado o número de pesquisadores favorecidos aumenta a 27. O resultado está ilustrado no histograma e no gráfico de setores.

Seria importante ampliar esta pesquisa incluindo o número total de propostas apresentadas nesse mesmo período e que foram consideradas abaixo da linha de corte

Algumas conclusões :

Resposta à pergunta I) Se consideramos 150 pesquisadores na área da astronomia óptica observacional, no Brasil (contabilizando os pesquisadores e seus orientados dos Institutos de pesquisa ON,INPE, IAG/USP, UFRGS, UFRJ, UFRN,UFSC, UFMG, UFSM e outros Institutos) como potenciais usuários dos telescópios Gemini, temos que apenas 11 pesquisadores (PI) foram favorecidos com 50% do tempo do Gemini , e 27 pesquisadores utilizaram 80% do tempo. Eles representam uma fração de 7% e 20% dessa comunidade. Por tanto uma fração muito pequena usufrui das facilidades dos Telescópios Gemini. Se realizamos a mesma análise considerando os co-autores das propostas aprovadas a estatística não muda, pelo contrario tende a afunilar mais.

Resposta à pergunta II) O resultado da pergunta I), sugere que os projetos de pesquisa elaborados pelos pesquisadores frequentemente beneficiados (com maior numero de horas observadas) são considerados competitivos segundo os critérios das comissões de distribuição de tempo apontando que os Telescópios Gemini entram na categoria de “dedicados” para determinados Projetos. Portanto na minha opinião o NTAC deveria instruir a comunidade sobre quais áreas e tipos de Projetos considera competitivos para utilizar as facilidades do Gemini. Dessa forma evitaria a muitos pesquisadores perda de tempo na elaboração de propostas que de fato serão consideradas de baixa prioridade.

Resposta à pergunta III) Analisando a distribuição de tempo do semestre 2011A quando foi ampliada a participação de Brasil no Gemini de 2,5 para 5%, nota-se que não foram incluídos uma fração maior de novos beneficiados com tempo de observação , pois novamente 7 dos primeiros 11 da lista foram beneficiados e desta vês com maior numero de horas. A segunda chamada para 2011 A com o objetivo de aumentar o fator de pressão só convalidou a tendência que vem se repetindo semestre após semestre.

Conclui-se que não seria necessário aumentar a participação nos Telescópios Gemini, pois eles atendem a uma fração muito pequena da Comunidade, cujos interesses já estão muito bem servidos com os 5% que atualmente tem o Brasil.

Resposta à pergunta IV) Os pareceres do NTAC devem ser elaborados de forma a esclarecer os pontos fracos das propostas apresentadas, e com sugestões de como ser melhoradas, especialmente quando os PI são estudantes evitando frases clichês tais como : “no compeling scientific case" sem explicar claramente a razão.

Outro ponto que considero relevante são os referees que em minha opinião deveriam ser selecionados entre aqueles que não estão competindo por tempo nesse semestre.

Outro ponto que acho importante são projetos relacionados com tese de doutorado, pois sendo projetos aprovados pelas Comissões de Pesquisa das Instituição, deveriam ser considerados em patamares diferentes a projetos de pesquisadores experientes. Um dos objetivos fundamentais do ingresso do Brasil no Gemini foi a de contribuir na formação de jovens astrônomos através do contato deles com grandes telescópios equipados com instrumentos de ultima geração.

Outro ponto importante que a NTAC deveria considerar é um numero máximo de horas de observação que um pesquisador pode ter em um determinado período, pois se não tomar este tipo de providência, os Telescópios serão utilizados para programas tipo “Survey “. Tendência que se percebe na distribuição de tempo do semestre 2011A, quando pesquisadores foram beneficiados com noites inteiras de observação.